Wellington, Nova Zelândia: O império da Amazon pode engolir todo o ecossistema do mercado editorial numa série de goles. Começou espremendo os distribuidores (O IPG sendo o mais recente caso numa série que vem se estendendo pelos últimos anos), e criou um modelo de negócio de crescimento tão rápido que vem seduzindo autores, arrancando-os de suas antigas editoras. O mercado editorial está em evidência, movimentando 60 bilhões de dólares por ano no mundo, e a Amazon tem que mostrar prospecção de crescimento dentro desse cenário para seus investidores famintos – então por que não?
Empresas de autopublicação criadas nos primeiros anos da Internet ainda fazem dinheiro com os escritores frustrados, mas elas também serão engolidas pela Amazon enquanto a revolução dos ebooks continua – pois por que pagar milhares para se autopublicar quando se pode publicar um ebook diretamente na loja da Amazon por praticamente nada e ter acesso ao maior grupo de consumidores do mundo?
A Apple está focando na automatização da criação de ebooks pelo consumidor, mas até que melhore o mecanismo de busca em seus canais de venda, não poderá competir com a Amazon pela preferência do consumidor. Permanecerá uma plataforma de venda conveniente. Google e Kobo brigam nos bastidores para criar comunidades abertas em suas plataformas, mas a fatia de mercado de ambas ainda é muito pequena.
Antes que você saia correndo em busca de refúgio num planeta remoto, tenho algumas notícias do quartel general dos rebeldes do mercado editorial… nós sabemos a localização da Deathstar!
Porque agora a Amazon é uma besta imensa e pesada. Na medida em que o futuro nos leva ao aumento da oferta de ebooks e da capacidade da impressão por demanda, a Amazon, com seus imensos depósitos, terá menos vantagens. O ecosistema existente de editoras continuarão a ser mais capazes de selecionar títulos em que investir suas receitas para marketing. Qualquer editora em atividade só sobreviveu a esse impiedoso mercado porque é extremamente bem sucedida em escolher seus “vencedores” dentro de seus respectivos nichos.
A curto prazo, não é difícil para a Amazon escolher autores bestsellers e oferecer-lhes uma margem maior das receitas. Ela divulgou recentemente mais de 50 negociações de direitos autorais (mais do que a maioria das editoras multinacionais). Colocando isso em contexto, bem mais de um milhão de novos títulos são publicados todo ano no mundo. A longo prazo, é provável que a Amazon olhe para seu braço editorial montado às pressas e se pergunte se o investimento é tão lucrativo quanto o de suas outras áreas de atuação.
A Amazon é uma varejista de massa, não um agente participante das discussões sobre diversidade social dentro de comunidades leitoras espalhadas pelo mundo. Como revendedora de livros, apóia-se em seus algoritmos de recomendação de produtos e no tráfego espontâneo de seus sites. Mas esse tráfego online está mudando rapidamente. Cada vez mais consumidores passam seu tempo no Facebook. E os “algoritmos de recomendação” no Facebook são muito mais poderosos porque oferecem recomendações de “amigos de verdade”, o que representa a maneira número um como as pessoas escolhem seu próximo livro, segundo pesquisa do Goodreads. O Facebook tem sido vagaroso em capitalizar isso, mas o potencial está lá. Com sua moeda própria e plataforma para desenvolvimento de ambientes portáteis [N. do T.: celulares e tablets], sem levar em conta o conhecimento de todo e qualquer assunto em discussão, o Facebook poderia engolir o almoço da Amazon, do Google e da Apple.
Então os rebeldes estão assistindo ao declínio de um império e ascensão de um novo? Provavelmente. Mas as pequenas e médias editoras tem bem menos a temer do que as grandes, dependentes de seus poucos bestsellers. Que a Força Esteja Conosco.
Traduzido por bartlebee
Fonte: Lisa Buchan | Publishing Perspectives