Cadê o leitor que estava aqui?

O mercado, como um todo, vem se ajustando (ou tentando se ajustar) rapidamente frente às novas tecnologias e demandas do perfil do consumidor moderno: mais exigente por qualidade, preço, agilidade nas respostas das corporações e disponibilidade do produto onde, como e quando ele, o cliente, deseja que seja disponibilizado para compra.

No caso do mercado editorial não é diferente e a concorrência com outros tipos de entretenimento além do livro cresce a cada momento. E as estatísticas podem revelar tendências para ajudar a tomar decisões mais acertadas com alguma antecedência.

Vejamos, então! O tempo médio do brasileiro gasto com leitura está em torno dos 6 minutos por dia.

Esses seis minutos, são ainda menores quando a comparação é feita por idade. Entre 10 e 24 anos, a parcela cai para três minutos. Mas, um alento, esse tempo vai subindo conforme se envelhece. Entre os mais velhos, com 60 anos ou mais, o tempo dedicado é de 12 minutos.

Ainda temos um longo caminho a percorrer para alcançar o nível de leitura de países desenvolvidos. Uma pesquisa do Bureau of Labor Statistics dos Estados Unidos mostra que a dedicação à leitura por lá ocupa 31 minutos nos dias de semana e 37 minutos nos fins de semana.

Não bastasse os concorrentes substitutos do livro, como filmes, programas de TV, internet e outras formas de entretenimento, o próprio mercado editorial concorre com centenas de lançamentos ao mesmo tempo todos os meses.

A situação do Brasil em relação ao ciclo de vida do produto livro é curiosa, pois o livro ainda não é um produto popular, que tenha atingido um público amplo, mas já estamos vivendo a fase da mudança de tecnologia e também econômica, com cada vez mais jovens chegando às universidades.

Para Gerson Ramos, consultor do mercado editorial, o Brasil vive um momento especial com sua economia atraindo para o consumo milhões de pessoas que estiveram excluídas do mercado por muitos anos. É a ascensão das classes D e E para a classe C, o que abre portas para novos hábitos de consumo destes grupos. Para o mercado editorial é a oportunidade de criar e customizar produtos para este nicho.

A ampliação do número de alunos nas faculdades também é um fator que, se não tem impacto imediato nas vendas de livros, acaba resultando na formação de novos leitores que em pouco tempo irão frequentar as livrarias também.

Gabriel Zaid, um autor e estudioso mexicano do mercado de livros, diz que o mercado editorial mundial produz cerca de 1 milhão de novos títulos por ano.

Uma pesquisa encomendada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) junto a 141 editoras filiadas (de um total de 750) e totalizando 56% do universo de faturamento do setor, apontou que o número de exemplares vendidos cresceu de 387.149.234, em 2009, para 437.945.286, em 2010 e foram publicados 54.754 títulos, que representam um aumento de 24,97% em relação a 2009, sendo 18.712 títulos novos.

Um dos problemas fundamentais da atual economia mundial do livro gira em torno da limitada capacidade do leitor individual absorver a incrível oferta de produção de livros em escala mundial. São livros demais concorrendo com poucos leitores e pouco espaço nas prateleiras das livrarias. Sabedoras disso algumas livrarias já estão cobrando pela exposição do livro em áreas de destaques. Hoje em dia já se paga até para deixar os livros na prateleira e não no estoque.

Essas características do mercado editorial demandam uma grande criatividade por parte dos editores ou publishers na criação do plano de negócio da editora. Diversas estratégias, como a segmentação de mercado ou a coedição, são alguns dos caminhos buscados pelas pequenas editoras a fim de sobreviver em um mercado tão predatório como o do livro.

Em geral, as editoras limitam suas atividades ao segmento editorial, mas algumas se verticalizam em direção a outros elos da cadeia, principalmente à distribuição, à produção gráfica e ainda à comercialização, por meio de livrarias próprias.

No nosso próximo post vamos falar um pouco sobre canais de distribuição de livros, vantagens e desvantagens de cada um deles para a pequena editora ou autor independente. Aguarde!

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