Sony abandona mercado de e-readers e transfere usuários de eBooks para a Kobo
Hoje só se fala de Kindles, mas acredite, ele não foi o primeiro leitor de e-books, foi antecedido em anos pelo Sony Libre, lançado em 2004. A versão da imagem acima é o PRS-500, lançado em setembro de 2006.
O Kindle surgiria mais de um ano depois, em novembro do ano seguinte. Inicialmente eram muito caros, o da Sony começava em US$ 400,00; pelo que me recordo, mas o conceito de e-ink era bom demais. Uma tela que você podia ler ao Sol e não gastava energia pra exibir imagens?
Shut up and take my money.
Infelizmente a demanda não estourou. Só com a chegada do Kindle, os e-books ganharam espaço significativo. Foi uma repetição do Efeito iPhone: as peças estavam todas no tabuleiro, mas espalhadas. Desenvolvedores, produtores de conteúdo, hardware e lojas de aplicativos. Isolados não funcionavam. Juntos, você tem um ecossistema. O próprio NOME Amazon ajudou muito a espantar a dúvida e desconfiança, pois uma empresa cujo core business era vender livros não poderia errar em sua recomendação.
Surgiram dezenas de outros aparelhos concorrentes, mas não foi repetido o sucesso do Android, onde há centenas, talvez milhares de peixes pequenos vivendo razoavelmente bem, à sombra dos grandes. Nas vendas de final de ano a Amazon vendeu Kindles como nunca, o Kobo vem com números recordistas também, já o Nook, da Barnes & Noble teve vendas 60% abaixo do esperado, a ponto de provocar um passaralho na equipe de desenvolvimento do leitor.
Já a Sony, a pioneira Sony parou de vender seu leitor nos EUA, voltou a atender somente o mercado japonês, e agora em março vão fechar o lojinha, transferindo para o Kobo as contas dos usuários, junto com os livros comprados por eles.
Ou seja: está acontecendo com o mercador de e-readers o que muita gente achava que aconteceria com o mercado de tablets. Saturação. Muitos leitores ocasionais preferem ler num Galaxy Tab ou num iPad a ter que comprar um gadget específico e ser mais uma tralha a carregar (vale MUITO à pena, acredite). Já os leitores vorazes, esses pelo visto são em bem menor número do que o de gente que assiste vídeo do YouTube no busão voltando pra casa.
O mercado editorial está aquecido, tenha certeza. Nunca se publicou tanto e nunca se vendeu tanto livro, mas mesmo isso não é suficiente para suprir um ecossistema de dezenas de aparelhos diferentes. É um lago de 30 m cuja população de peixes dobrou de tamanho, mas continua incapaz de alimentar dois T-Rex Aquáticos (ictiossauro não soa tão ameaçador).
Para quem está de fora parece um paradoxo: empresas cancelando projetos em uma área que está bombando, mas economicamente faz sentido, principalmente para criadores de conteúdo, onde até nichos improváveis como Pornô de Dinossauros estão rendendo uma boa grana.
Publicado originalmente por Carlos Cardoso no Meio Bit