Tal como a expressão inglesa sugere, self publishing, ou, em português, autopublicação, consiste na publicação de conteúdos originais, seja por que meio for, pelos seus próprios autores, em vez de recorrerem a editoras ou organismos estabelecidos.
Se bem que, desde sempre, tenham coexistido estes dois sistemas de publicação, recentemente, a proliferação das tecnologias da edição eletrônica, da impressão digital a pedido e da Internet, associadas ao desenvolvimento de movimentos culturais, tais como o “faça você mesmo”, ou a participação em blogs, potenciou extraordinariamente o crescimento deste processo editorial.
Tradicionalmente, um autor que quisesse publicar um livro teria que, além de gerir as questões administrativas da edição, encomendar a uma gráfica uma tiragem mínima da sua obra, geralmente de umas centenas de exemplares e tratar diretamente da sua comercialização. Em contrapartida, o autor se beneficiava, assim, da totalidade da margem comercial dos livros, controlava o seu preço venda e os canais de distribuição, mas assumia o risco das eventuais sobras da edição.
Geralmente, um autor decide-se pela autopublicação quando não conseguiu encontrar uma editora que se disponibilize a publicar a sua obra e optou por assumir os riscos econômicos da sua edição. São inúmeros os casos do gênero e muitos mais serão os que terão ficado por publicar, por os autores não arriscarem ou não poderem custear a sua publicação. O teor das obras autopublicadas é de todos os tipos, ficcionais ou não, desde genealogias a autobiografias, ensaios científicos, colectâneas de poesia ou contos, memórias de experiências pessoais, teses acadêmicas, etc., etc.
Estas publicações obtêm, regra geral, audiências seletivas ou restritas, razão por que podem gerar poucas vendas e, por isso, implicar riscos econômicos relevantes para os respectivos editores, quando publicadas por processos tradicionais.
O advento e a expansão das novas tecnologias de print-on-demand (POD) e da Internet vieram facilitar em muito o self publishing.
Em primeiro lugar, por tornarem o processo de publicação muito mais econômico e quase isento de risco (cf. print-on-demand) e, por outro, pela exposição universal e sem custo significativo das obras publicadas, conseguida através da Web. Gerou-se, assim, um novo mundo de possibilidades ilimitadas para os “autores autonomos” publicarem e venderem os seus livros.
Acresce ainda a facilidade, que estas tecnologias também proporcionam, de se poderem republicar ou reeditar obras antes editadas, porventura já esgotadas, que, de outra forma, não voltariam a ter qualquer oportunidade de serem adquiridas, “ressuscitando-as” assim e, mais uma vez, sem qualquer risco econômico.
Publicado originalmente no Sítio do Livro