A repercussão da última coluna foi muito boa. Muita gente viu que entrar no mundo digital é uma questão de organização e criação das funções necessárias, não é nada de outro planeta, impossível ou desesperador.
Paramos em uma parte que acho muito importante, a divulgação da produção.
Se você fez tudo certinho até agora, mas parou na parte do envio de conteúdo para as lojas e ficou na frente do computador esperando os resultados, pode continuar esperando sentado. Não adianta pensar na distribuição sem ter foco em promoções e ações de marketing/merchandising. Quem fazia isso “antigamente” era um setor de marketing, que divulgava e fechava as ações com as livrarias e sites, dedicados exclusivamente ao livro impresso.
Este setor está sofrendo demais para aprender a pensar “mais digital”. Diante disso, as editoras têm optado por contratar uma terceira pessoa para cuidar da divulgação do conteúdo digital (isso no melhor dos mundos). Essa terceira fase (terceira pessoa e terceira parte do processo) é responsável “apenas” pelo aumento das vendas, fidelização dos leitores e desbravamento do Mercado. Historicamente eu o chamaria de Bandeirante, pois é quem vai enfiar na cabeça dos leitores que o formato digital é melhor, mais fácil e rápido, é quem vai bolar promoções no Facebook e correr atrás das livrarias. O Bandeirante também vai conhecer todos os responsáveis pelo merchandising de todas as livrarias digitais; vai ter uma agenda organizadíssima de promoções, baseada em datas comemorativas; vai ficar atento ao mundo lá fora para enxergar oportunidades e, por fim, é quem vai fechar email marketing com os livreiros e organizar os disparos. Ufa!
Este profissional precisa se identificar com o público, direcionando o conteúdo correto para a pessoa certa. Não vale sair atirando pra todos os lados. Não vai lotar a minha caixa de entrada com emails sobre literatura infantojuvenil (péssimo exemplo, pois eu acabo comprando os livros digitais da minha época de escola, só para ter no formato digital, mas vocês entendem o que quero dizer, né?). Nada de email sobre livros de Direito para estudantes de Comunicação Social.
Por fim, o Bandeirante vai organizar os gráficos de ranking de livrarias e medir o desempenho delas. Analista das vendas, ele dará feedbacks e entenderá o público de cada livraria (isso também varia muito). Saberá o que indicar e o que fará mais sucesso em cada uma.
É muita coisa sim! E requer muita dedicação. Como um amigo meu do Mercado de livros comentou: tem que ser rápido (lançar rápido, errar rápido, consertar rápido). Tem que se comunicar com os leitores e servir de ponte entre o editorial, o organizador de projetos e as lojas. Tem que amar planilhas.
No digital, o céu é o limite. As lojas estão sempre buscando inovação. Qualquer ideia é super bem recebida (ó, falo pela Kobo, viu?). Quando se trata de aumento de vendas e de cadastros nas lojas e o objetivo final é a fidelização dos leitores, tudo vale a pena.
Bom, com base nesta coluna e na última que escrevi acho que serão capazes de montar uma equipe digital ou identificar onde está a falha em sua empresa, porque as vendas não têm apresentado o aumento que acompanha o Mercado de livros digitais. E deu para perceber também o motivo de uma editora ser tão importante no processo. Quantos autores vocês conhecem que teriam a capacidade de acumular todas as funções listadas, ou, se for o caso, capacidade financeira de ter uma equipe para isso?
Publicado originalmente por Camila Cabete no PublishNews
