Estudante de medicina, no 1º período da faculdade, a fim de ganhar experiência no ramo, oferece cirurgias intracranianas totalmente de graça e você só paga pelo band-aid que será utilizado após o procedimento.
Não é promoção, é oportunidade! Riscos sempre existem, mas garantimos a devolução do dinheiro do band-aid de volta se a cirurgia não der certo.
Interessados, favor entrar em contato pelo e-mail [email protected].
Achou o anúncio estranho? Ainda bem que é só uma brincadeira para chamar sua atenção para um assunto pouco conhecido ou discutido. Além do mais, existe um conselho de medicina que proíbe a prática acima. Fique tranquilo! Mas eu já recebi alguns e-mails e propagandas com textos parecidos com este. Não me ofereceram cirurgia intracraniana de graça, mas os títulos das mensagens diziam: “LOGOMARCA para a sua empresa a partir de R$ 75,00” e “seu site por apenas R$ 150,00”. Agora, mais recentemente, vi um anúncio que dizia “publique seu livro de graça!”.
Não é a primeira vez que vejo anúncios assim. Certamente um designer ou uma empresa que oferece este tipo de serviço, por este valor, não conhece ou simplesmente dá de ombros para as tabelas sérias praticadas no mercado. Isso se chama “miopia de marketing”. Este tipo de empresa ou profissional estão pouco interessados no sucesso real do cliente ou na qualidade final do trabalho entregue, eles visam somente o dinheiro rápido e fácil para eles mesmos.
Quem prostitui o mercado com este tipo de oferta não irá cumprir com o prometido, não entregará um produto de qualidade e aqui cabem duas frases conhecidas: “quem paga barato paga duas vezes” e também “o barato sai caro”. Mas tudo bem. Vivemos numa época de livre comércio e quem quiser se aventurar a sobreviver praticando estes valores certamente vai quebrar em breve.
O problema é que quem paga R$ 75,00 numa “logomarca”, feliz e achando que fez um excelente negócio ou compra um site por R$ 150,00 deveria repensar sinceramente seu modelo de negócio ou business plan. Quem não leva a sério sua marca, a qualidade da mídia onde ela é veiculada, não realiza um planejamento sério e consistente de marketing, vai ter muita dificuldade em alinhar a comunicação do produto ao seu público alvo.
Uma marca não diz respeito somente ao grafismo que ela carrega em si mesma. Esta deve, no mínimo, atender às demandas de conceitos artísticos, legibilidade, tipologia e estrutura de ergonomia visual que seu público exige. Mas a marca vai muito além do que se vê em um cartão de visitas, site, anúncios ou qualquer outra mídia.
A marca tem a ver com a percepção que o cliente tem dela em relação à entrega do prometido. Uma marca que transmita pouca credibilidade, sensação de pouco investimento em qualidade e que não esteja alinhada visualmente ao produto oferecido já sai perdendo uma parcela significativa do mercado. Estes itens são o mínimo. Seus concorrentes provavelmente já oferecem isso e alguma coisa a mais. É preciso investir no diferencial competitivo e sair na frente. Quanto mais na frente, melhor.
Na corrida e disputa por fidelização ou conquista de novos clientes, o apelo visual é estratégico. Não dá para entregar um carro de fórmula 1 na mão de quem nem sabe andar de bicicleta ainda só porque ele cobra mais barato, neste caso o piloto faz toda a diferença no trabalho da equipe. Bons pilotos custam caro, mas trazem resultados. O mesmo acontece na gestão de marcas e design de produtos.